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sexta-feira, 22 de março de 2013

Gilbert Durand: imaginário e educação


Uma das leituras realizadas durante as atividades do PIBID Artes Visuais foi a do livro "Gilbert Durand: imaginário e educação", no qual os autores fazem uma análise da obra de Durand acerca do conceito de imaginação. Sendo o imaginário denominador do pensamento humano e determinador das decisões do sujeito, Durant, ao estudar o imaginário, buscava compreender o imaginário a partir do psiquismo humano, com seus símbolos e pensamentos.

Para ele não há uma ruptura entre o imaginário e o racional, o imaginário está aliado ao “trajeto antropológico” do ser humano, isto é, das relações pessoais e socioculturais, produzido pelos desejos e impressões do sujeito, o qual produz imagens vinculadas, tanto ao material genético, quanto ao adquirido culturalmente, dividido-se em arquétipos genotípicos e fenotípicos. 

Os genotípicos atendem aos estímulos imediatos com uma manifestação precoce. Já o fenotípicos necessitam de um tempo de aprendizagem, instintos que precisam ser aprendidos socioculturalmente. O símbolo para Durand designa a expressão cultural concreta do arquétipo influenciada pelo meio físico e cultural.

“As estruturas verbais primárias representam, de alguma forma, os moldes ocos que aguardam seres preenchidos pelos símbolos distribuídos pela sociedade, sua história e sua situação geográficas. Reciprocamente, contudo, para sua formação, todo o símbolo necessita das estruturas dominantes do comportamento cognitivo inato do sapiens. Assim, os níveis da ‘educação’ se sobrepõem na educação do imaginário: em primeiro lugar encontra-se o ambiente geográfico (clima, latitude, situações continental, oceânica, montonhosa etc.), mas desde já regulamente pelos simbolismos  da educação, o nível dos jogos (lúdico) e das aprendizagens [...]” ( DURAND, 1988b, p. 91 in TEIXEIRA; ARAÚJO, 2011, p. 50).

Durand ainda determina o imaginário entre duas forças de coesão, em dois universos antagônicos, diurno e noturno, produzido em uma trajetória antropológica. Dentre esses universos antagônicos há três estruturas figurativas: heroica, mística e sintética ou dramática. Corresponde a uma forma de se relacionar com o mundo que regula o equilíbrio individual e social. O imaginário ainda entende-se em um pluralismo de imagens, que produz sentido através do processo de simbolização.

Acerca da educação, Gibert Durand comenta sobre uma educação estética, totalmente humana, da qual se pode tirar algumas lições pedagógicas, a fim de compreender o processo simbólico do sujeito imaginante em prol do desenvolvimento cultural, cientifico e educacional, porque é através da imaginação que se desenvolve os processos simbólicos.

Durand refere-se a três níveis geradores da formação simbólica: o psicofisiológico ou natural, o pedagógico e o cultural. O nível pedagógico está dividido em duas fases, por sua vez ligadas entre si: a familiar e a lúdica, que estabelecem a relação afetiva e sentimental do indivíduo a qual vem a contribuir no simbolismo adulto. O nível pedagógico para Durand é bipolar e se determina em dois regimes; o noturno e o diurno, tracejados no nível psicofisiológico, porque do mesmo modo que a criança se relaciona seguindo os sentimentos maternos ele também se relaciona através do lúdico, seguindo projeções imaginarias e míticas, assim se distanciando dos pais.

Dessa forma, pelo imaginário o ser humano vai se relacionar com o mundo, com sua cultura e com os arquetípicos da cultura a qual pertence. Os valores de uma sociedade são transmitidos através de jogos, museus, literatura, história e, por mais que se mudem a roupagens históricas e culturais, os arquétipos determinantes de uma sociedade continuam presentes.

Postado por Daiane Figueiredo Rosenhein